Acima de Gabigol, apenas Zico

Gabigol já figura entre os maiores ídolos que já vestiram a camisa do Flamengo ao longo de seus 126 anos. Mas o camisa 9 da equipe carioca busca por mais. No último sábado (29), o jogador chegou a marca de quatro gols em três finais de Libertadores. Além disso, se tornou bicampeão da competição.
Em apenas quatro anos de clube, o camisa 9 da Gávea tem números de dar inveja a muitos jogadores. São 185 partidas, com 113 gols e 31 assistências. Ao todo, já conquistou 11 títulos com a camisa do rubro-negro carioca e tem contrato até dezembro de 2024. Outro feito histórico, é que com 29 gols na Libertadores, iguala ao mesmo número de Luisão, o maior artilheiro brasileiro na competição.
O ano parecia perdido
Desde que chegou em 2019, Gabigol tem um relacionamento intenso com a torcida rubro-negra. No ano de sua chegada estava em lua de mel Em 2020 também com o título do Campeonato Brasileiro. No entanto, em 2021, as críticas tomaram força. A temporada foi ruim para o Flamengo, foi vice do Brasileirão para o Atlético-MG e da Libertadores para o Palmeiras.
Muitos do time sofreram críticas e Gabigol foi um deles. A chegada do técnico Paulo Sousa neste ano, dava a impressão que a equipe retornaria a ganhar títulos e jogar bem. Todavia, o português fez mudanças nos jogadores que não conseguiram se adaptar. O clima com a torcida ficou pesado, alguns torcedores se mobilizaram e foram para o Ninho do Urubu cobrar mudanças. Gabigol foi um dos poucos a conversar com eles e chegou a sair do carro para isso. Mostrando ser um líder mesmo sem a faixa de capitão.
Com a saída de Paulo Sousa e a chegada de Dorival Júnior, a postura de Gabigol dentro de campo foi modificada. Bruno Henrique teve uma lesão grave e apareceu a oportunidade de escalar o camisa 9 com Pedro que passava por um momento ruim no clube. O time subiu de produção, mas o tempo perdido o deixou praticamente fora da briga pelo título do Brasileirão de 2022 vencido pelo Palmeiras.
Relação especial com a torcida
Foi aí que a estrela de Gabigol apareceu mais ainda. No jogo das oitavas da Copa do Brasil contra o Galo, saíram perdendo por 2 a 1 em Belo Horizonte. Na entrevista pós-jogo, o centroavante avisou que na partida de volta, o adversário conheceria “o que é pressão, e o que é inferno”.
A gente queria vencer. Acho que mudamos a postura em relação ao último jogo, fizemos um bom jogo. Tomamos dois gols em oportunidades que eles tiveram, mas pressionamos bem, eles não saíram jogando. Fizemos um gol, e agora temos o fim de semana, depois a Libertadores. Quando eles forem lá vão conhecer o que é pressão e o que é inferno”.
E assim aconteceu, no Maracanã com uma torcida inflamada, o Flamengo venceu por 2 a 0, todos de Arrascaeta. Mesmo sem fazer gol, Gabigol mostrou ser o regente da torcida. E não ficou por isso só. Na final decidida nos pênaltis contra o Corinthians, o jogador de 26 anos ao bater sua penalidade, percebeu o medo e apreensão de sua torcida.
Em razão disso, ele vibrou e ela o respondeu colocando o Maracanã pegando fogo novamente. E isso se tornou essencial para a vitória com gol de Rodinei e um título que não ganhava desde 2013. É uma relação que, às vezes, fica estremecida, mas é notório que Gabigol e a torcida do Flamengo possuem uma ligação forte e que nenhum jogador desses últimos tempos conseguiu alcançar. Como diz BH: “oto patamar”.
Gabigol jogando mais para o time
Com a escalação de Pedro entre os 11 titulares, era óbvio que um deles teria que recuar. Dorival conversou com Gabigol e ele entendeu que exerceria uma nova função. Passou a fazer uma função de 10, ao invés de ser o goleador da equipe, jogou para a equipe. Deu assistências, roubou bolas, defendeu mas também continuou fazendo seus gols. Até agora, ele está empatado com o camisa 21 do Flamengo com 29 gols na temporada.
Os especialistas de futebol alegam até que ele tenha melhorado seu desempenho dentro de campo. O jogador passou a jogar ainda mais com inteligência, além de claro, o seu faro para gol. Os comentários que Gabigol deveria ser o novo camisa 10 do time começaram, muito pela a saída de Diego Ribas já anunciada para o fim de 2022.
Na final da Libertadores, o jogador que é cria do Santos mas parece ser cria do Ninho, avisou que para isso, precisaria do aval de Zico, ídolo máximo do Flamengo.
Zico autoriza a 10
Mas parece que a 10 já seria do jogador em 2019. Ainda na entrevista do último sábado, ele afirmou sobre essa situação.
Quando eu cheguei no Flamengo eu já ia usar a 10, mas o Diego acabou ficando e depois continuou usando. A 10 do Flamengo não se nega, se vier a proposta eu vou ligar para o Zico para perguntar se eu posso usar e, se ele liberar, vou usar com todo o prazer do mundo.
Em entrevista, Zico confirma que Gabigol pode ser o novo dono da camisa 10 e mostrou alegria ao ver o Flamengo sendo tricampeão da Libertadores.
Eu não preciso conceder autorização nenhuma para o Gabigol usar a camisa 10. Eu acho que pelo que vem fazendo dentro de campo desde que foi contratado, é cada vez mais honrar o Manto Sagrado. É cada vez mais se dedicar, com raça, luta, além de toda a sua qualidade técnica. Gabigol entendeu bem o que é o Flamengo e tem sido peça importante em todas essas conquistas e em tudo, não só ele, mas toda essa geração. Gabigol pode usar a 10 à vontade, sem problemas, e que continue fazendo os gols dele, decidindo os campeonatos e ganhando títulos.”
Gabigol abaixo apenas de Zico
É unanimidade que Zico é o maior ídolo do Flamengo. Todo o seu talento, técnica, amor ao clube e a torcida colaboraram bastante para isso. Mas o fato dele ter feito parte da geração de 81 que conquistou a primeira Libertadores com gol dele na final o coloca na primeira prateleira.
Após o Galinho de Quintino, muitos jogadores vestiram a camisa rubro-negra, porém, nenhum deles chegou próximo a Zico. Mas Gabigol conseguiu. Os títulos, a entrega dentro de campo, o seu poder de decisão, a liderança que ele tem demonstrado entre os jogadores e a sua relação especial com a torcida, o fazem ser o segundo maior ídolo do Flamengo. E ele tem apenas 26 anos.
Não se sabe o que reserva para a temporada de 2023 tanto para o jogador quanto para o time. Os comandados por Dorival Júnior irão disputar Campeonato Carioca, Recopa Sulamericana, Supercopa do Brasil, Copa do Brasil, Brasileirão e o Mundial de Clubes. Será um ano difícil pela quantidade de jogos e por isso, o nível técnico precisará ser o maior possível.
Mas de uma coisa podemos ter certeza: Gabigol dará tudo que puder em campo para continuar fazendo história no Flamengo.
Imagem: Divulgação
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