Jeddah em risco

Jeddah em risco

O GP de Jeddah, na Arábia Saudita, é o segundo da temporada da Fórmula 1 em 2022, no entanto, conflitos entre Arábia Saudita e Iêmen têm prejudicado o andamento da corrida. 

A pista de Jeddah

A nova pista na Arábia Saudita estreou em 2021, com Lewis Hamilton sendo o grande vencedor. A proposta em Jeddah era fazer um dos circuitos mais rápidos da Fórmula 1. Mas ela apareceu com problemas desde então.

A ideia de fazer a categoria chegar ao Oriente Médio acontece desde quando Bernie  Ecclestone estava no comando. Uma parte queria uma nova entrada de capital e os países buscavam um marketing positivo, movimento parecido com a compra de times europeus como o Manchester City e o Paris Saint-Germain. 

O circuito de Jeddah é uma parceria da Fórmula 1 com a Aramco, empresa petrolífera estatal da Arábia Saudita, assinado em 2020. O primeiro acordo de dez anos com a categoria daria a ela US$ 450 milhões (R$ 2,1 bilhões), porém, no fim do mesmo ano, um novo acordo, desta vez, de US$ 900 milhões (R$ 4,2 bilhões) divididos em 10 anos. O último contrato faria com que fosse realizado a construção de um GP, o de Jeddah.

No entanto, a Fórmula 1 com o novo acordo, preferiu fechar os olhos para os problemas envolvendo violação dos direitos humanos. E também para os regimes ditatoriais presentes na região. Além disso, a ideia de fazer uma das pistas mais rápidas tornou-se também uma das mais perigosas. 

O perigo de correr em Jeddah 

Para a construção do circuito de rua, a Tilke Engineers & Architects, empresa de propriedade de Hermann Tilke e Carsten Tilke, foram os responsáveis pelo projeto. No entanto, aconteceram algumas modificações. Ocorreram oito mudanças no traçado, alargamento da pista, recuo de barreiras e troca de material, mas o mais problemático foi a falta da área de escape. O que fez os pilotos andarem mais de 300km/h muito perto dos muros. 

Caso aconteça um acidente, não existe uma equipe experiente de fiscais de pista para solucionar algo de forma rápida e eficiente. Pelo circuito de rua ser estreito, se algum carro ficar atravessado na pista, pode provocar uma colisão com o carro que estiver atrás devido à baixa visibilidade em alguns trechos.

Acidentes já aconteceram, tanto na F1 quanto na F2 mas, em nenhum momento, a categoria pausou ou cancelou a corrida, pois, confiavam na segurança do país e iriam correr em “nome do esporte”.

Arábia Saudita x Iêmen

Desde 2014, os dois países vivem em conflito. No último mês, essa guerra tem-se intensificado chegando ao ponto de um ataque de rebeldes a uma instalação da Aramco que está a 10 km da pista de Jeddah. O movimento político-religioso Ansar Allahhi, do Iêmen, assumiu a autoria do ataque. 

Quando o míssil atingiu o depósito de petróleo estava ocorrendo os treinos de sexta da Fórmula 1. Max Verstappen, atual campeão da categoria, chegou a perguntar no rádio para sua equipe se o cheiro de fumaça era de seu carro ou da explosão. 

Isso demonstra o quão perto estavam diversas pessoas que sem perceber, estão colocando em risco suas vidas. 

FIA não cancela corrida

Com a situação em Jeddah, era de se esperar que a corrida fosse cancelada, no entanto, após os treinos, o contrário aconteceu. A categoria com os 10 diretores de provas das escuderias, afirmaram a realização do GP e que a programação do fim de semana aconteceria normalmente.

Porém, os pilotos ficaram mais de três horas em reunião para decidirem o que fazer. Boa parte deles era contrário à decisão de correr em Jeddah. Mas uma pressão das autoridades sauditas, de acordo com matéria da BBC, fizeram mudar de ideia.

Segundo o portal, um dos motivos seriam as alegações de que os pilotos poderiam encontrar dificuldades para sair do país. Usando um tom um pouco intimidador. O governo saudita afirmou que manteria tanto a FIA quanto os pilotos informados sobre novos acontecimentos envolvendo o conflito.

Após a reunião, as entrevistas do dia foram canceladas para evitar perguntas que fossem prejudicar ainda mais todo o problema envolvendo o GP de Jeddah.

No entanto, agora a noite um novo ataque aconteceu. Mais uma instalação da Aramco atingida. Outra estação de distribuição de produtos petrolíferos recebeu mais um atentado, causando um incêndio nos tanques de armazenamento.

Agora resta saber se o país conseguirá fazer com que a corrida em Jeddah ocorra em segurança, pois os últimos acontecimentos não apontam para isso. 

Imagem: Divulgação

Hora do Gol Esportes

Criado, gerenciado e escrito pela jornalista e socióloga Melissa Barbosa, o Hora do Gol Esportes é um portal que fala sobre os esportes do Brasil e do mundo.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: