O outro lado da Copa do Mundo

De quatro em quatro anos acontece a Copa do Mundo, o evento mais importante para as seleções espalhadas pelo mundo. O Brasil segue sendo o maior vencedor com cinco títulos, mas vai para o Catar em busca do hexacampeonato.
No entanto, o país segue algumas regras que quem vê de fora não entende. Na realidade, muitas delas são em tom repressivo e até ditatorial. E isso tem tido reflexo também com os patrocinadores da FIFA.
São contra relações homoafetivas, adultério e ingestão de álcool
Diferente dos países localizados no Ocidente, o Catar tem muitas restrições. As relações homoafetivas e adultério são consideradas crimes. Além disso, é proibido o consumo de álcool em lugares públicos. Tirar fotos em frente aos locais que são pertencentes ao Governo também não é permitido.
Usar roupas que mostram partes do corpo como seios, coxas, pernas e ombros, principalmente para as mulheres, é mais uma das proibições do país. O consumo de carne de porco é considerado crime, a religião do Catar é muçulmana e não faz a ingestão da proteína suína. Xingar, fazer gestos obscenos e falar ou fazer uso de som alto, também são alvos de restrições.
Todavia, a FIFA havia garantido que a sua patrocinadora de cervejas, a Budweiser, poderia comercializar a bebida nos pontos de venda que estariam localizados próximos dos oito estádios que serão utilizados para a realização da Copa do Mundo. A única recomendação naquele momento seria que as vendas seriam três horas antes das partidas e uma hora depois do término delas.
Qatar muda a decisão de bebidas alcoólicas para a Copa do Mundo
Faltando dois dias para o início da Copa do Mundo de 2022, o Catar mudou a forma de liberar a ingestão de bebida alcoólica. A venda em torno dos estádios ficou proibida. No entanto, só poderá ser comercializada na Fifa Fan Festival, evento voltado para a transmissão dos jogos com shows e atividades locais.
O comunicado partiu da FIFA falando a respeito da decisão
“Após discussões entre as autoridades do país anfitrião e a FIFA, foi tomada a decisão de concentrar a venda de bebidas alcoólicas no FIFA Fan Festival, outros destinos de torcedores e locais licenciados, removendo os pontos de venda de cerveja dos perímetros do estádio da Copa do Mundo da FIFA 2022 no Catar”.
A nota finaliza dizendo que a Budweiser não será afetada. A empresa até agora não se pronunciou sobre a situação.
“Não há impacto na venda do Bud Zero, que permanecerá disponível em todos os estádios da Copa do Mundo do Catar. As autoridades do país anfitrião e a FIFA continuarão a garantir que os estádios e áreas adjacentes proporcionem uma experiência agradável, respeitosa e agradável para todos os torcedores. Os organizadores do torneio agradecem a compreensão e o apoio contínuo da AB InBev ao nosso compromisso conjunto de atender a todos durante a Copa do Mundo da FIFA Catar 2022”.
Mortes de trabalhadores
O The Guardian, um jornal britânico, havia divulgado que cerca de 6.500 a 15.000 pessoas teriam morrido na construção da infraestrutura para a Copa do Mundo. No entanto, esses dados não são verdadeiros. Esses números são relacionados não apenas aos óbitos que tenham vínculo com o evento. Mas sim de outras pessoas como professores, médicos e dentre outros.
No entanto, se acredita que mesmo esses números absolutos não estejam todos ligados à Copa do Mundo. Pensa-se que muitos trabalhadores morreram em decorrência da forma que os estrangeiros são tratados no país. Falta de água potável, o calor da região e as condições nas quais se trabalha, são alguns desses fatores.
O governo do Catar não confirmou e nem negou sobre essa notícia. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os migrantes chegam saudáveis e por causa disso, a morte por doença não poderia ser comum.
Então porque a escolha do Catar para a Copa do Mundo?
Um país cheio de restrições e que antes mesmo da realização do evento já é alvo de muitas críticas foi a escolha para ser a sede da Copa do Mundo. Muitos se perguntam o porquê disso. Para uma melhor explicação, a Netflix lançou recentemente o documentário “Esquemas da Fifa”. Nele é falado sobre o esquema de corrupção da FIFA e como foi feita a escolha do Catar para ser a sede da Copa do Mundo de 2022.
Diversas pessoas que fizeram parte da federação comentaram no documentário o esquema para a decisão e a reação das pessoas e da imprensa que não sabia das relações que foram precisas para sediar o maior evento de futebol do mundo. Mas não parou por aí, outras sedes como a Rússia também foram alvo de denúncia.
No entanto, a investigação foi inconclusiva e o Catar permaneceu com o evento. Os escândalos envolvendo a federação não são de hoje, desde a época da presidência de João Havelange, esquemas envolvendo as tentativas de aumentar o poder e as vantagens acontecem. Com a eleição de Joseph Blatter, isso só aumentou até a investigação do FBI apontar corrupção na entidade.
A imagem da FIFA ficou manchada após isso, no entanto, ela segue escolhendo países para sediar as próximas sedes da Copa do Mundo e alguns deles… um pouco duvidosos.
Imagem: Divulgação/FIFA
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