Piquet usa termo racista e homofóbico contra Hamilton

Que Nelson Piquet ou sua família vivem em polêmica, isso já sabemos. Mas a última do momento aconteceu há cerca de um ano, porém só teve destaque recentemente. O ex-piloto da Fórmula 1 chamou Lewis Hamilton com um termo racista.
O momento da fala preconceituosa
Nelson Piquet concedeu entrevista em novembro de 2021 para o canal do YouTube ‘Motorsports Talks’, em um trecho, ele fala sobre o acidente envolvendo Max Verstappen e Hamilton no GP de Silverstone. Max por sinal é seu genro, já que namora Kelly Piquet.
O “neguinho” meteu o carro e deixou. O Senna não fez isso. O Senna não fez isso. Ele foi, assim, “aqui eu arranco ele de qualquer maneira”. O “neguinho” deixou o carro. É porque você não conhece a curva; é uma curva muito de alta, não tem jeito de passar dois carros e não tem jeito de passar do lado. Ele fez de sacanagem.”
Vale lembrar e reforçar que o termo “neguinho” dito por Piquet é racista, ainda mais se for falado por pessoas do padrão do tricampeão da Fórmula 1. Homem, branco, classe alta e conservador. O Brasil foi construído na base do racismo com pessoas que entraram em nossas terras sem permissão e achando que as tinham direito por serem consideradas superiores.
Mas a fala só teve repercussão no começo da semana passada, quando fizeram um corte da entrevista e foi colocado na internet.
Fala de Piquet toma proporções internacionais
A fala começou a ter repercussão pelos fãs de automobilismo, até que começou a chegar na grande mídia. Todavia, isso não ficou apenas no Brasil, na terça-feira (28) a notícia passou a ser divulgada pela imprensa estrangeira e por atletas.
A Mercedes, escuderia de Hamilton, se pronunciou e apoiou o britânico. A FIA e a Fórmula 1 também condenou as falas de Piquet. Alpine, Aston Martin, Ferrari e McLaren mostraram apoio e se mostraram contra as falas de Piquet. A Red Bull, no entanto, disse que não iria se posicionar sobre mas emitiu comunicado sobre a demissão de Juri Vips que teve falas racistas e homofóbicas.
Dentre os pilotos, George Russell, Charles Leclerc, Lando Norris, Esteban Ocon, Daniel Ricciardo, Vettel por meio de sua assessoria, Mick Schumacher, Carlos Sainz e Zhou Guanyu de alguma forma também se pronunciaram em favor do heptacampeão mundial.
Hamilton fala sobre o caso
Já pela manhã aqui no Brasil, Lewis Hamilton também falou sobre a situação do Piquet pelo twitter.
“É mais do que linguagem”, escreveu Hamilton, em sua conta no Twitter. “Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte. Eu fui cercado por essas atitudes e fui alvo delas minha vida toda. Houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação.”
Em outro tweet, o piloto responde a ironia de um usuário da rede social que fala, “E se Lewis Hamilton apenas twittou ‘Quem diabos é Nelson Piquet?’ e fechou o twitter.” O britânico responde, “Imagine”.
Em mais um tweet, Hamilton dessa vez falou em prtuguês “Vamos focar em mudar a mentalidade.”
Piquet pede desculpas
Na quarta (29) Nelson Piquet pediu desculpas por sua fala.
“Gostaria de esclarecer as histórias que circulam na mídia sobre um comentário que fiz em uma entrevista no ano passado.
O que eu disse foi mal pensado, e não defendo isso, mas vou esclarecer que o termo usado é aquele que tem sido amplamente e historicamente usado coloquialmente no português brasileiro como sinônimo de ‘cara’ ou ‘pessoa’ e foi nunca teve a intenção de ofender.
Eu nunca usaria a palavra da qual fui acusado em algumas traduções. Condeno veementemente qualquer sugestão de que a palavra tenha sido usada por mim com o objetivo de menosprezar um piloto por causa de sua cor de pele.
Peço desculpas de todo o coração a todos que foram afetados, incluindo Lewis, que é um piloto incrível, mas a tradução em algumas mídias que agora circulam nas redes sociais não está correta. A discriminação não tem lugar na F1 ou na sociedade e estou feliz em esclarecer meus pensamentos a esse respeito”.
Família Piquet sempre envolvida em polêmica
Piquet e Senna foram rivais dentro das pistas e com provocações, mas a pior delas foi de Nelson quando questionou a sexualidade de seu adversário. Senna havia dito anteriormente que tinha sumido para Piquet aparecer já que ele tinha sido campeão mas a imprensa só queria falar com Ayrton.
A partir daí a inimizade continuou e até hoje quando Piquet fala sobre o assunto, demonstra desprezo e rancor. Todavia, não foi apenas o pai que esteve envolvido em polêmicas, Nelson Piquet Jr. seu filho mais velho provocou um acidente na Fórmula 1 de forma proposital.
Em 2009 Nelsinho corria pela Renault mas por ter tido desempenho muito abaixo, foi demitido em agosto daquele ano. O herdeiro não poupou críticas a escuderia e a Flavio Briatore, que era então, chefe da equipe. Um pouco menos de um mês Piquet faz uma denúncia a FIA sobre um acidente provocado por seu filho em 2008.
Naquele momento, após o acidente, o safety car entrou na pista, o que favoreceu Fernando Alonso, seu companheiro de equipe. Depois da investigação, tanto Alonso como Piquet foram absolvidos, mas a Renault sofreu uma sanção condicional até 2011, Briatore foi banido da categoria e Symonds por cinco anos. No entanto, Briatore conseguiu voltar para a F1 no Tribunal de Grande Instância de Paris em 2010.
Nelson Piquet Jr. mesmo não tendo sido banido, nunca mais conseguiu retornar para a categoria.
Tricampeão proibido de frequentar o paddock
De acordo com o jornalista Andrew Benson, redator-chefe da Fórmula 1 no jornal britânico BBC, Nelson Piquet está banido do paddock. O paddock é a área onde ficam as equipes, veículos, oficiais de prova e convidados durante as provas da categoria.
Essa decisão da FIA é independente do pedido de desculpas do ex-piloto.
Atualização sobre o caso Piquet
Se já não bastasse o racismo de Nelson Piquet, ele foi mais além. Na mesma entrevista ele usou novamente o termo ‘neguinho’ e também foi homofóbico. No trecho divulgado pelo portal ‘Grande Prêmio’, Piquet comenta sobre o pai de Nico Rosberg e também sobre ele que foi campeão da Fórmula 1 em 2016 quando estava na Mercedes e era companheiro de Hamilton. Mas naquela temporada marcou o fim da amizade entre os pilotos e cuidados da escuderia em como lidar com disputas internas. O portal conseguiu a entrevista completa que teve duração de cerca de duas horas e divulgou o trecho homofóbico.
“O Keke? Era um bosta, não tinha valor nenhum. É que nem o filho dele (Nico). Ganhou um campeonato… O neguinho devia estar dando mais cu naquela época, aí tava meio ruim.’
No entanto, além da fala, fica notório a dificuldade de Piquet em chamar o heptacampeão mundial pelo seu próprio nome. Além disso, ele a termina dando gargalhadas. Porém, ele não foi o único que riu, o jornalista que o estava entrevistando também ri como se estivesse concordando. Em apenas dois trechos e menos de três minutos, o ex-piloto reproduz falas que hoje são condenadas por lei e cabem a processo.
Mas será que agora Piquet terá pessoas o defendendo dizendo que ele não fez por mal? Até porque ele repete o mesmo termo racista e adiciona o homofóbico como se estivesse acima de tudo e de todos. Na realidade, suas atitudes só demonstram o porque a maioria dos brasileiros prefere Senna e Lewis Hamilton como ídolos na Fórmula 1.
Denunciado ao Ministério Público
O que todos esperavam após os crimes cometidos por Piquet aconteceu, o brasileiro foi denunciado ao Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios pelas falas. Os responsáveis pela denúncia foi a bancada do PSOL na Câmara dos Deputados. O argumento é que Nelson praticou crime de discriminação ou preconceito.
Encabeçaram a denúncia, as deputadas Áurea Carolina, Talíria Petrone e Vivi Reis.
Imagem: Divulgação
https://horadogolesportes.com/filipe-toledo-e-campeao-de-saquarema/
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