Técnicos brasileiros não dão certo na Europa?

Felipão no Chelsea em 2008 após sucesso como técnico da seleção do Brasil e de Portugal. Reprodução: divulgação
Nomes como Diego Simeone, Mauricio Pochettino, Jorge Sampaoli e Marcelo Bielsa possuem algo em comum. Além de comandar times europeus, é que todos eles nasceram na Argentina. O que isso tem de importante? Bom, é algo a se pensar observando que os técnicos brasileiros não têm dado certo no Velho Continente.
Há mais de 10 anos tivemos um treinador brasileiro em um grande time europeu. Em 2008, após ser pentacampeão brasileiro pela seleção e trazer Portugal novamente para o cenário das grandes seleções europeias e escalar Cristiano Ronaldo com apenas 17 anos, Luiz Felipe Scolari assume o Chelsea.
O treinador até teve um bom início, porém, sucessivos resultados ruins provocaram sua demissão em fevereiro de 2009. Um vestiário desunido também foi um fator para a saída de Felipão.
O último brasileiro a se aventurar na Europa foi Sylvinho. Após deixar o comando da seleção olímpica brasileira para treinar o Lyon, da França, porém, sua passagem por lá durou apenas 11 jogos com um desempenho de sete partidas consecutivas sem vencer.
Atualmente é treinador do Corinthians, clube o qual jogou na posição de lateral esquerdo.

Existem alguns motivos para que isso aconteça, por isso, o Hora do Gol Esportes vai dizer dois deles para o leitor.
Resultados ruins em edições da Copa do Mundo
Desde 2002, ano que fomos pentacampeões mundiais, a seleção brasileira tem tido resultados abaixo do esperado. Em 2006, num cenário de festas e como o próprio Carlos Alberto Parreira disse, técnico naquela copa, de “farra” e de jogadores acima do peso, provocaram a queda nas quartas-de-final contra a França por 1×0.
No ano de 2010, a eliminação de virada para a Holanda nas quartas. Em 2014, aquele memorável e fatídico 7×1 da Alemanha no Brasil na semifinal. E por último, em 2018, a derrota para a Bélgica por 2×1 nas quartas-de-final.
Esses desempenhos da nossa seleção, contribui para que nossos técnicos estejam em escassez na Europa, pois, acabam sendo vistos com um olhar menos atrativo, ainda mais se tratando de um continente que possui as cinco ligas de futebol mais importantes no mundo.
Formação de técnico
Por muitos anos os profissionais brasileiros não se especializaram e iam imediatamente após sua aposentadoria treinar times de futebol, todavia, os estrangeiros fizeram o caminho contrário.
Exemplo disso são nomes como Sampaoli e Coudet que se formaram na ATFA (Associação Argentina de Técnicos de Futebol) com um curso de direção de dois anos. Resultado disso, é que hoje Jorge Sampaoli treina o Olympique de Marseille da França que está na terceira colocação na Ligue 1. Antes, o argentino comandou o Santos na campanha que foi vice-campeão brasileiro em 2019.
Já Eduardo Coudet teve passagem no comando técnico do Internacional de Porto Alegre, naquela época, o Colorado era líder do Brasileirão. Porém, em 2020, assinou com o Celta de Vigo da Espanha e está lá até hoje. Ele é um dos responsáveis pela permanência do time espanhol na temporada passada na série A, e sua quase classificação para as competições europeias.
Abel Ferreira também é um excelente exemplo de preparação para seguir na profissão, antes de sua aposentadoria como jogador, já estava interessado em estudar as táticas que o jogo envolve. Formado em Educação Física no Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCE), ele também fez estágio dando aulas para o Ensino Médio.
O clube que teve o maior sucesso como treinador, é o Palmeiras, pelo clube paulista é campeão da Copa do Brasil e bicampeão da libertadores. Ao que tudo indica, o técnico português continuará fazendo história no Brasil.
https://portaltagarelas.com.br/2021/11/27/palmeiras-e-tricampeao-da-libertadores/
Como funciona na CBF a formação de técnico

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é o órgão nacional que permite licenças para os treinadores exercerem a sua profissão aqui no país. Existem quatro licenças: pró, A, B e C, as duas primeiras permitem que se possa treinar times profissionais de futebol da série A.
Essa regulamentação se dá a partir de uma exigência da FIFA, órgão responsável pela organização do futebol mundial. Porém, podemos observar que em comparação com os cursos aplicados na Argentina, o Brasil ainda está abaixo do ideal. Isso é visto que para tirar a licença A, sua carga horária é de apenas 270 horas enquanto a Pró de 370 horas.
Como mudar isso?
Antes de mais nada, é preciso uma reformulação na educação e na ideia de profissionalização do futebol brasileiro. Se formar em cursos com duração menor do que de seis meses deveria ser repensado já que países como a própria Argentina possui o pensamento no qual a pessoa deve estar ao máximo preparada para assumir um time de futebol.
A ideia também que não é preciso estudar, frase que nos últimos tempos vimos Renato Gaúcho reproduzindo, devem ser esquecidas. Não é a toa que o Flamengo na Final da Libertadores ficou refém do esquema tático desempenhado pelo Palmeiras de Abel Ferreira.
Outro ponto deve ser um maior comprometimento da parte da CBF em disponibilizar cursos mais completos para quem os estuda, até porque o investimento é alto e o resultado no futuro não tem sido muito agradável.
Material humano o Brasil tem de sobra para se tornar novamente uma potência entre as seleções mundiais e, porque não para quem está na beira do campo.
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