Futebol do Palmeiras feminino em risco

Futebol do Palmeiras feminino em risco

Nesta semana, o futebol feminino do Palmeiras entrou em pauta na imprensa esportiva, mas não de forma positiva. A equipe, que é a atual campeã da Libertadores e do Campeonato Paulista, recebeu acusações de seu diretor, Alberto Simão, como o responsável por situações de abuso de autoridade, negligência e xenofobia.

As denúncias foram feitas inicialmente no site “Dibradoras”.

Descaso de Alberto Simão com a equipe

Alberto Simão assumiu o cargo de diretor de futebol feminino em 2019 quando Alexandre Mattos ainda era diretor de futebol do Alviverde. Mas desde o seu início, já mostrava que poderia causar problemas. Em conversa com uma ex-técnica do clube, ele afirmou que de jogadora de futebol ele só conhecia Marta e não sabia mais sobre o esporte feminino.

Isso aponta um descaso até mesmo do Palmeiras em ceder um cargo para alguém que não é capacitado para isso e que demonstrava total falta de interesse. O clube paulista estava retomando o projeto feminino e contrataram Renata Pelegatti e Ana Lúcia Gonçalves que tiveram a promessa de ter liberdade para construir uma equipe forte e capaz de conquistar títulos. O Corinthians nesta época, já dominava o futebol feminino no Brasil. 

Simão passou a não frequentar as reuniões. Além disso, queria colocar as jogadoras em locais com estrutura inadequada ao invés de procurar o melhor para elas. Até a redução de salário da comissão técnica ele fez. As categorias de base que deveriam ser criadas, Alberto Simão quis acabar com isso.

A casa sede que deveria ser apenas das atletas teve homens hospedados, o que causou descontentamento. Alberto preferiu demitir quem queria fazer um trabalho profissional. Ocorreram tentativas de protestos mas as jogadoras não tiveram apoio porque algumas pessoas não queriam bater de frente com quem tinha cargo maior no Palmeiras. 

Caso de doping

Quando Ana e Renata foram desligadas do clube, o caso de doping de Kerolin e Vivi veio à tona. As jogadoras foram pegas no exame quando jogavam no Audax, mas tinham a promessa que o Palmeiras iria ajudá-las na defesa. Todavia, Alberto Simão contratou um advogado que não era especialista no assunto, sendo que Ana tinha recomendado outro. 

Após a sua saída juntamente com Renata, elas foram acusadas de participarem deste caso. Algo que negam até hoje e brigam na justiça para limparem o seu nome.

Cuidados médicos ignorados

Existem relatos que os cuidados médicos em relação às jogadoras eram praticamente nulos. Teve caso de jogadora precisando operar o joelho e o médico contratado que era um residente, à liberando para jogar. Muitas delas tiveram que pagar do próprio bolso as infiltrações recebidas e não receberam reembolso. Jogadora usando apenas uma muleta por não terem dado a outra completando o par. Mais um descaso com a equipe feminina foi com a zagueira Thais, ele tinha uma infecção de pele e por causa disso, precisava de uma roupa específica para não a prejudicar. Ela também pagou o tratamento do próprio bolso já que o plano de saúde não cobriu. O clube não providenciou e em 2022 ela saiu.

O lugar que se fazia os tratamentos também era usado para festas. Em mais alguns relatos apontam que o grupo estava dividido, algumas atletas recebiam bebida alcoólica e mais um dia de folga, uma parte delas determinava quem jogava as partidas. Quando se reclamava com Alberto Simão, ele passava a tratar de forma diferente as pessoas.

Polêmica com Stefany Krebs

Stefany Krebs é uma jogadora não ouvinte que atuava no esporte. O Palmeiras a contratou em 2020 com a promessa de que ajudaria nessa questão com intérprete e outras demandas. Porém, isso não aconteceu, a comissão técnica foi uma das principais a ter descaso com ela. O técnico Ricardo Belli gritava com ela, a comissão dizia que ela era preguiçosa e não queria aprender as coisas.

Parte do grupo passou a defendê-la e isso gerou muitas discussões e divisão no elenco. No entanto, quando o caso tomou forma e uma equipe de TV foi apurar, o Palmeiras montou uma estrutura na tentativa de mascarar o que realmente faziam. Mas a ação de marketing não parou por aí. Ainda em 2020 a equipe de Taboão da Serra alegava que não tinha material suficiente para praticar futebol. Com isso, Simão falou para as jogadoras doarem suas chuteiras, algumas não puderam por só ter aquelas que já eram de segunda ou terceira linha.

No jogo seguinte, na semifinal contra o Corinthians, o diretor de futebol deu camisetas para quem conseguiu doar e fez pouco caso de quem não podia. O psicológico das jogadoras ficou abalado. 

Diversas saídas ao fim da temporada no Palmeiras

Desde 2020, diversas jogadoras do Palmeiras saem do clube. No fim do contrato, elas não eram procuradas nem ao menos para uma conversa sobre uma possível renovação. Outro descaso de Simão era não informar a algumas atletas as suas convocações pela Seleção o que causava uma imagem ruim para ela.

Briga pela braçadeira de capitã e ataques

No Brasileiro de 2022, Thais Ferreira e Augustina Barroso foram afastadas. Naquele dia, o Palmeiras ainda foi eliminado da competição e após o resultado, Alberto Simão falou com a imprensa de que o motivo foi a briga pela braçadeira de capitã do time. O diretor é acusado de ter falado para Thais procurar um tratamento psicológico, no entanto, ela nunca foi diagnosticada por um profissional de ter problemas mentais.

Belli e Simão têm a acusação de serem xenofóbicos com Thais. Há relatos que muitas jogadoras não entravam sozinhas em sala com Alberto porque sabiam a forma que seriam tratadas. Os boatos deste caso sempre ocorreram, mas em 2022 ficaram mais fortes mesmo tendo Leila Pereira como atual presidente do Palmeiras.

Palmeiras de pronuncia

O clube mantinha o silêncio diante da situação, mas precisou de pronunciar. Em nota,  afirma que as afirmações são mentirosas.

A Sociedade Esportiva Palmeiras repudia as acusações levianas, feitas em sua maioria por fontes anônimas, contra os profissionais do nosso time feminino de futebol, em especial o diretor Alberto Simão.O clube desenvolve um trabalho competente e sério com essa modalidade, como atestam as recentes conquistas da Conmebol Libertadores e do Campeonato Paulista, além da chegada de cinco novos patrocinadores ao longo da temporada de 2022.

O Departamento de Futebol Feminino cumpre com rigor todos os seus compromissos, conta com colaboradores extremamente capacitados em diferentes áreas e, a cada ano, recebe mais investimentos com o intuito de proporcionar às atletas uma estrutura cada vez melhor. Críticas são bem-vindas e contribuem com o aprimoramento do projeto, contanto que não tenham o revanchismo como norte. Denúncias e insinuações sem fundamento contra a agremiação e seus dirigentes precisam ser provadas por quem as faz; do contrário, não passam de difamação. O Palmeiras e o diretor Alberto Simão tomarão todas as medidas judiciais cabíveis para salvaguardar a honra da instituição e de todos os profissionais injustamente atacados.”

Imagem: Fábio Menotti

https://horadogolesportes.com/o-futebol-perde-pele/

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Criado, gerenciado e escrito pela jornalista e socióloga Melissa Barbosa, o Hora do Gol Esportes é um portal que fala sobre os esportes do Brasil e do mundo.

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